Logo na entrada, já se via uma árvore tropical cheia de Berries e pequenos pokémon alados devorando suas frutinhas. Foi a oportunidade de o Professor nos preparar para o que nos aguardava logo mais a frente.
— A capitã de desafio Kahili é especialista em tipos voador, como os Pikipek, logo ali! Logo, ataques elétricos, de pedra e de gelo irão funcionar perfeitamente, enquanto golpes tipo lutador, inseto ou grama apresentarão resistência. Observem bem enquanto Ul e Tra batalham, pois todos vocês irão precisar desafiar Kahili caso queiram passar nesta matéria!
Kahili foi proibida pela escola de nos dar qualquer dica enquanto colegas de quarto. A única coisa que eu sabia era que ela filho do proprietário do Hano Grand Resort, um dos maiores hotéis de Alola, localizado na Ilha de Akala. Pelo visto, o hotel era tão grande que tinha uma filial aqui em Ula'ula, na cidade de Malie. E é lá, nesta filial, que o desafio acontecerá.
Bem, isto é tudo o que eu sei e é preocupantemente muito pouco. E se eu falhar? E o Travis? Onde ele entra nessa história? Será que ele é bom em batalhas? Não tivemos tempo de nos preparar para nada. Sequer sabíamos que Kahili usava tipos voadores.
Por sorte, tenho Ash aqui comigo. Bem, não o gostosão do Ash, o treinador, mas um Pikachu que batizei de Ash em homenagem a ele. Talvez fosse útil com seus ataques elétricos, como o próprio Professor dissera, mas... Aff, eu estava pirando já.
Foi quando chegamos a um hotel muquirana, bem pequeno até. Fala sério? Aquele lugar era do mesmo dono do Hano? Nem dava para dizer que era da mesma empresa.
— Ul! Tra! Vocês vieram! — Kahili surgiu de uma porta com um sorriso estampado no rosto. Então, logo se lembrou de que não podíamos ter nenhuma relação de amizade ali. Éramos rivais agora.
— Prestem atenção, crianças! O desafio já vai começar. — avisou o Professor Carvalho.
— Sejam muito bem-vindos ao primeiro Desafio da Ilha, liderado por mim, Kahili Hano, especialista em pokémon voadores com foco em batalhas em dupla!
Todos aplaudiram, menos eu. Eu estava nervosa demais para qualquer senso de grandeza. O que Kahili queria dizer com batalhas em dupla parecia significar vergonha em dupla. E se eu e o Travis perdêssemos a batalha bem em frente à toda turma e mais o Professor Carvalho? Será que eles iriam dar risada da nossa cara?
— Durante o desafio, vocês não poderão utilizar nenhuma pokébola para capturar nenhum pokémon e jamais poderão violar as regras de segurança.
Regras de segurança? O que ela queria dizer?
Dois lances de escada depois, e eu finalmente entendi. Chegamos à cobertura. Lá em cima, haviam dois balões de ar quente. Kahili entrou em um e fez um gesto para que as camareiras amarrassem cintos de segurança em mim e em Tra.
— Eu vou ter que entrar nisso aí? — Perguntei, terrificada.
— Sim. — Respondeu Kahili. — Nosso desafio será aéreo!
WHAAAAT? As camareiras começaram a distribuir binóculos para todos, que permaneceram na cobertura do hotel, enquanto eu sentia meu estômago se esvair à medida que as empregadas me enfiavam pra dentro daquele minúsculo balãozinho junto à Travis.
Sentia meu corpo ficando cada vez mais alto, cada vez mais longe do chão. O coração disparava e eu jurava (por Arceus) que era naquele dia que sairia meu atestado de óbito. Mas não. Depois de um tempinho, os balões se posicionaram e levantaram voo, indo em direção ao grande Jardim de Malie, a maior atração da cidade.
— É aqui, no Jardim de Malie, que as pessoas costumam fazer seus Safaris! — Gritou Kahili, do outro balão, para que pudéssemos ouvir.
— O que é que nós temos que fazer? — Gritou Tra.
— Desviar das nuvens até a linha de chegada! — Gritou Kahili, apontando até um barco voador lá no horizonte com a frase linha de chegada.
— O que? Desviar das nuvens?! — Perguntou Travis, sem entender. Foi quando entramos dentro de uma gigante gasosa, bem repolhuda. Uma nuvem fria de ventos de um pouco menos de 100 km por hora. Quase fomos arremessados para longe, e não parou por aí. Foi dentro da nuvem que a coisa complicou. Dois pokémon surgiram do nada, nos atacando.
— ABAIXA! — Gritou Travis, que controlava o fogo do balão para mudar a direção e nos garantir um evasiva certeiro. Por pouco não fomos acertados.
— Litten, Brasas! Agora!
Litten cuspiu uma bola de fogo, atingindo Vullaby e torrando o tipo noturno e voador. O golpe não seria muito efetivo em Oricorio. Acho que Travis estava contando que eu atacasse ao outro pássaro, mas eu não conseguia nem pensar direito. Murmurei qualquer coisa para Pikachu e ele me obedeceu.
— Eu vou continuar com o En!
— Certo! E eu vou usar o Morelull! — Ainda que eu estivesse completamente atordoada, quase vomitando, algo dentro de mim disse que uma estratégia com Esporos poderia dar certo. E foi o que fiz. Ordenei que Frutinhas iniciasse diretamente com seu taque sonífero, mas o vento não estava a nosso favor e o pozinho desgraçado se esfacelou pelos ares... Skarmory voltou-se contudo contra nós com um Ataque de Fúria, então. — AAAAAAAAHHH!
— En, use o Brasas!
En cuspiu suas brasas, mas novamente o vento estava muito forte. Cada batida das asas metálicas de Skarmory produzia o triplo de vento que qualquer outro tipo voador que a gente tinha enfrentado até agora. Zubat foi esperto e atacou utilizando suas ondas Supersônicas, que imediatamente botaram Litten em um estado de confusão...
— E agora? — Perguntei, temendo por minha vida como nunca. O cesto do balão rodopiava e eu ia junto com ele, agarrada tipo inseto em teia de Araquanid.
— En, retorne! Dollar, é com você!
Tra trocou Litten por outro felino. Um Meowth de Alola, do tipo noturno.
— O que você vai fazer? — Perguntei.
— Dollar! Use o Dia do Pagamento!
Meowth começou a produzir medalhões de ouro exatamente iguais ao que tinha afixado no topo de sua cabeça. Saquei a estratégia.
— Esporos! — Gritei, e Morelull recheou aqueles medalhões de pó sonífero. Foi só Meowth jogá-los que acertaram Zubat e Skarmory, fazendo-os cair em um sono profundo e abrirem caminho para a linha de chegada.
— Os amuletos são muito mais pesados que os esporos, por isso, é muito mais fácil atirá-los contra o vento do que simplesmente saraivar todo o pó de Frutinhas! — disse Travis quando a nuvem já ia se limpando a linha de chegada estava a poucos metros na nossa frente, mas...
— Oh, oh! Parece que a Kahili já chegou!
Kahili havia chegado na nossa frente. Lá estava ela, nos esperando no barco voar que marcava o fim da corrida. Havíamos perdido o desafio.
— Essa não! Perdemos! — disse eu, exausta depois de passar por aqueles tantos turbilhões de vento.
— Quem disse que vocês perderam? Não, isso não era uma corrida! E ainda há uma última parte do desafio a ser cumprida! — disse Kahili com um olhar perverso, quase como que um dominador de "jogos mortais" preparando uma surpresinha letal para suas vítimas. — Apresento-lhes o pokémon totem... Toucannon!
Das janelas do bote flutuante, irrompe uma ave de bico espectral, totalmente gigante, quase do tamanho do nosso balão, gritando e urrando, enquanto uma aura dourada, muito semelhante ao fogo, brotava de suas penas.
— Derrotem Toucannon, meu mais forte pokémon, e o Desafio estará concluído! — disse Kahili.
— WTF?! — Tra estava boquiaberto, incrédulo. Nós teríamos de derrotar AQUELA criatura? Mas a sensação de espanto durou pouco. Ele sabia que tinha que fazer alguma coisa. — Bruxa, vai! Onda Psíquica!
— Ash, é com você! — Escolhi Pikachu. Ataques elétricos. Eu tinha de focar em ataques elétricos. Raio Carregado!
Bruxish e Pikachu começaram dando o melhor de si em ataques de longa distância, mas o gigante Toucannon apenas voou para cima e esquivou-se dos golpes, que destruíram as janelas do barquinho onde ele se escondia. Então, seu bico começou a brilhar em um tom muito vermelho. Estava aumentando a temperatura.
Ainda neste mesmo momento, Toucannon deu uma guinada com a cabeça para cima e deu um grito, chamando por ajuda.
— Pi pi pi!
Logo de cara, já deu para perceber que aquela não era uma batalha normal. Aqueles eram pokémon selvagens batalhando contra a gente, embora todos eles tenham sido previamente aperfeiçoados no quesito batalha por Kahili. A diaba só sorria enquanto Toucannon fazia a festa, devorando-nos com sua majestosidade e empáfia.
O bico do Pikipek então brilhou, mas diferentemente do de Toucannon, era um brilho branco. Então o passarinho se pôs a voar na direção de Pikachu. Bicada!
— Raio Carregado! — Ordenei, e Ash não pensou duas vezes. Fritou o pobre pássaro que se aproximava em pleno voo com uma descarga elétrica super efetiva e, de certa forma, crítica, já que derrotou o pássaro de uma vez só.
Então, Toucannon voou rapidamente na direção de Bruxish, encostando seu bico flamejante na Bruxa e torrando-a em uma explosão de chamas e muito, mas muito calor.
— O que vem agora? — Perguntou Travis, mas era melhor que tivesse ficado calado. Tanto Toucannon quanto Trumbeak dispararam um Rajada de Sementes, produzindo tiros de longa distância que machucaram, seriamente, toda a superfície da pele de Pikachu, durante 5 ataques consecutivos, cada um.
— A Habilidade de Toucannon e toda a sua família evolutiva, incluindo Pikipek e Trumbeak, é Liga-Habilidades, que permite que movimentos multi-strike, ou seja, que batem mais de uma vez no alvo, por uso, sejam sempre maximizados para bater o máximo de vezes possíveis no alvo, em uma única jogada. — Explicou Kahili.
— Essa não! Temos que lidar com isso! — disse Travis, que parecia muito concentrado no que fazia. Enquanto isso, eu me mantinha firme nas cortas, louca de medo de cair. — En, vai! Presas de Fogo!
— Acha que isto é suficiente? Toucannon é dez vezes mais forte do que isso, e Trumbeak também! — Debochou Kahili. E lá vinha mais um Rajada de Sementes, seguido de um movimento que ninguém esperava que ele fosse usar. Afinal, era um pokémon selvagem, mas desta vez, para a realização e performance daquele ataque, ele estava junto a Kahili: Strike Aéreo Supersônico, o Movimento Z do tipo voador.
— Certo! Frutinhas, vaaai! Esporos!
Frutinhas disparou ao alto seus esporos novamente, com o intuito de por Trumbeak para dormir. E não é que deu certo?
— En, Batedores de Fúria! — Ordenou Tra, fazendo assim com que Trumbeak enfim deitasse, tornando aquela uma batalha de dois contra um, finalmente.
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