Pokémon Laços: Z [One Shot]


♦ Ato I 

Eu estava hospedado em um Centro Pokémon naquela noite, jantando com um casal de novos amigos quando o telefone tocou. À princípio, não reconheci o número, mas quando a voz falou do outro lado da linha, chamando meu nome, meu coração disparou, parecendo que ia sair pela boca. Eu achei que fosse Ela, sabe? Eu ainda me acordava durante frias noites, gritando, com medo de tudo o que passei e vivi, querendo tê-la em torno de meus braços, mas me lembrando ao mesmo tempo, que jamais a veria novamente.
— Calem. Sou eu, Lucy. — Elas eram gêmeas afinal. A semelhança se fazia presente até mesmo na voz.
— Oi. — disse eu, com a boca meio cheia.
— Eu quero te fazer um convite. — disse Lucy do outro lado da linha com um tom de animação. — Quero que venha até o laboratório ver uma coisa. Eu descobri... Uma espécie nova!
— Uma espécie nova de Pokémon? — Quase me engasguei. Isso era fascinante! Com essa descoberta, Lucy com certeza subiria na carreira. Talvez até se tornasse a professora pesquisadora representante da região da Kalos, substituindo Sycamore no trabalho de entregar os iniciais Chespin, Fennekin e Froakie aos treinadores novatos.
  
— Exatamente! — Ela disse, emocionada. — Convidei Shauna, Tierno, Matthew e Zack também! Pretendo ainda chamar o Wood! Estarei dando um jantar em minha nova casa daqui a dois dias, conto com a sua presença!
— Ótimo! Em que cidade mesmo?
— Vaniville.
— Estarei aí. Com muito prazer.
— Te esperarei. — disse ela, e desligou.
Comecei a sorrir sozinho. Enfim, eu os veria de novo, depois de tanto tempo. Apesar de tudo o que aconteceu, eu não sentia tristeza. Eu me sentia feliz por poder estar com meus amigos de novo e mal podia esperar para que este encontro acontecesse.

A cidade de Vaniville era um lugar pequenino e pacato, com uma paz e um silêncio que não podia ser encontrado em nenhum outro canto de Kalos. Eu ainda moraria ali um dia, fiz uma anotação mental. O sol da manhã batia nas gotículas de orvalho que ainda não haviam sido evaporadas em cima das plantas, e o cheiro da natureza se intensificava naquele ponto graças aos lindos canteiros de orquídeas coloridas que decoravam o povoado inteiro.
— Número 13. — Era o que dizia o papelzinho em minha mão, com o endereço da casa de Lucy. Graças a Arceus, nem precisei procurar, pois logo que passei do arco de entrada da cidade, avistei uma enorme placa informando: Laboratório Pokémon. E o número sobre a porta? 13, justo o número de nossa turma na Academia Shalour. O número que reuniu a todos nós.
— CALEM! — Lucy deu um grito e me abraçou ao me ver do outro lado da porta. — Que bom que você chegou! E aí, como está?
— B-bem... Eu acho... — disse eu, tentando me livrar do sufocante, mas aconchegante abraço de Bewear.
— Entre! Shauna e Tierno chegarão mais tarde! Estão nos preparativos para o primeiro espetáculo do Try Pokaron! Zack está no treino e Wood em jornada! Mas o Matthew já chegou! Aliás, ele está aqui há uma semana, tirando umas férias!
— Onde? — Perguntei, pois não havia ninguém do lado de dentro da casa.
— Ah, ele deve estar se arrumando! Ah, aí vem ele!
Uma criatura descabelada, com a cara inchada de sono, pijama de bolinhas e pantufa de Pikachu vinha mancando pelo corredor.
— Já é meio-dia? — Perguntou Matt, ainda meio ressacado.
— Não, mas olha quem chegou! — disse Lucy, mostrando a mim para o garoto que ainda usava cabelo azul.
— Calem! — Ele veio e se abraçou em mim. Quando percebeu que aquilo poderia ser mal interpretado, me largou. — Há quanto tempo! — Disse ele, apertando minha mão. — Não vi mais suas postagens no Instamon! O que tem feito da vida?
— Estou estudando. Magistério. E você?
— Nada, por enquanto. Vou continuar em jornada, para me tornar um mestre de pokémons tipo Fairy e um dia, eu vou assumir o trono onde minhã irmã, Rainha Valerie, se senta!
— Matt, você anda assistindo muito Pokéflix! — disse eu, brincando.
— Eu me refiro ao ginásio! — se defendeu.
— E eu a sua cara de sono!
Caímos na gargalhada. Nem percebemos o tempo passar. Quando vimos, Lucy já tinha preparado o almoço. Estava uma delícia: Cassoulet com Ratatouille de acompanhamento. E de sobremesa, Matt veio com uma caixa de deliciosos Macarons multicoloridos, de vários sabores, que ele mesmo havia preparado na noite anterior ao ouvir que eu viria mais cedo.
  

 Ato II 
— Estava realmente muito bom! — disse eu, me sentindo cinco quilos mais pesado, mais incrivelmente contente após a refeição.
— Querem se deitar? — Perguntou Lucy.
Matthew fez que não com a cabeça. Pra quem se acabara de se acordar, estava descansado o suficiente por ora.
— Eu vou pra pesquisa agora à tarde, se vocês quiserem ir comigo... — Então anunciou a irmã de Y, vestindo um jaleco branquíssimo combinado a um óculos redondo que a faziam envelhecer uns 10 anos.
— Mas é claro! Quero ver o que você descobriu! — Imediatamente eu disse, pronto para ver a famosa "nova espécie" que Lucy encontrara.
— Ah, eu sabia que você se interessaria! — falou Lucy, levando-nos por um estreito corredor nos fundos de sua casa que levava a espécie de micro-laboratório, onde ela desenvolvia suas pesquisas de forma autônoma. Estudava Pokémon havia algum tempo, e agora se aprofundava cada vez mais no assunto, trabalhando meio-turno como assistente laboratorial na Corporação Devon, cuja filial mais recente abriu há 6 meses, em Lumiose, no local onde ficava o Café de Lysandre, após o atentado da Team Flare. Agora, ela desenvolvia pesquisas para a melhoria do uso de itens e pokébolas, além de contribuir para a criação de vacinas e anticorpos que ajudem a prevenir doenças tanto em humanos quanto em pokémons. E o melhor de tudo isso, é que Lucy não precisava sair de casa para isso. Usava os fundos de sua residência, local de uma antiga lavanderia, para realizar seus experimentos. — Venham, é por aqui! — disse ela, abrindo a porta que dava em seu cantinho especial.
O laboratório era extremamente alvo, assim como o jaleco de sua proprietária. Com certeza, a vigilância sanitária se orgulharia daquele lugar, pois tudo era impecavelmente limpo. Havia uma prateleira cheia de aparatos que eu desconhecia, uma só de pokébolas e uma mesa central onde um notebook já ligado fazia o download de informações.
— Uau. — Exclamei.
— É um pouco apertado, mas serve. — disse Lucy. — Estamos tentando desenvolver uma nova forma de Pokédex,  para uso doméstico, mas o projeto ainda não saiu do papel.
— E então...? Onde está a sua descoberta? — Perguntei, esperando para ver o que Lucy escondia naquele cubículo.
— Eu o chamo de "Geleca". — Lucy referia-se à criatura ao qual descobrira. — Nenhum outro pesquisador soube dizer o que ele era, mas ainda é cedo para afirmar se é mesmo uma espécie nova. Todos estão noticiando como se fosse. Jornais, televisão, rádio... Eu meio que me tornei "famosa" aqui na cidade.
— Eu bem que notei aquele tanto de cartas na sua caixinha de correspondência. — disse eu, lembrando-me do pórtico de entrada da casa nº 13.
— Pois é. — disse Lucy, se abaixando e nos conduzindo a uma mini-estufa que brilhava com uma luz verde, parecendo alimentar o que quer que houvesse lá dentro. Geleca era uma criatura fascinante, feito de uma borracha verde e escorregadia. Não possuía pés ou braços, mas uma pequena saliência como uma cauda que lhe servia de sustentação. A cabeça era enorme e um olho apresentava-se maior do que o outro, de forma desigual. Chegava a ser fofinho até. Ou melhor... Fofinhos.
— São... CINCO! — Exclamei ao ver todos os pokémon que haviam ali dentro.
— Não, há apenas um aí dentro! — Afirmou Lucy. — Eu também pensava que eram 5, mas se você observar bem, o verdadeiro possui um polígono vermelho na barriga.
— Ah! É mesmo! — Exclamei, ao ver que o do meio era o único a possuir um polígono de cor diferente. Os outros todos eram verdes e pareciam mais flácidos, não se movendo a menos que a criatura de látex do meio também se movesse, uma fração de segundo antes.
— O que são essas... "Lesminhas"? — Perguntei.
— Não sei. Ninguém sabe explicar. Mas ao que tudo indica, o do meio é o "cérebro"de todos os outros 4! Tudo o que ele faz, os outros também fazem. Além disso, os mais "flácidos" parecem ficar invisíveis quando o cérebro dorme.
— E eles se alimentam de luz solar! — afirmou Matt.
— Ah, tem isso também! — Continuou Lucy. — Essa luz verde na nossa estufa possui os mesmos nutrientes que a luz solar, portanto, isso basta para alimentá-los!
— E por que estão nesse caixote? — Perguntei, observando o tamanho do espaço onde os pokémon se encontravam confinados.
— Estão passando por testes laboratoriais. Quando a experiência acabar, serão soltos novamente na natureza!
— Bom, se é assim... — Disse eu, concordando com a ideia. Então perguntei: — Como você os encontrou?
— Foi logo após o... Bom, você sabe. Eu achei essa criatura e peguei para mim. Mas, por alguma razão, ninguém sabia o que era. Eu o levei à vários especialistas, mas ninguém soube explicar o que era. Então, acabei ficando famosa, e me ofereceram uma bolsa integral na UXL (Universidade Xernoasista de Lumiose). para estudar Pokémon. Óbvio que eu aceitei.
— Caramba! Isso é Incrível!
— E não é? Eu perdi uma mãe e uma irmã... Mas a vida me presenteou com isto. — Ela apontou para o vidro. — A vida me deu o Geleca!

 Ato III 
— Lucy... Sabe o que eu estava pensando? Não é perigoso deixá-lo aqui? — Perguntou Matt. — Quer dizer, nesta semana, eu vi várias pessoas entrarem na sua casa para ver a descoberta! Não é meio... Arriscado deixá-lo aqui?
— Vaniville é uma cidade pequena e livre de crimes, Matt. Não há com o que se preocupar, ainda mais agora que a Team Flare se foi. Talvez na cidade grande ainda haja algumas gangues, mas aqui... Esta é a cidade mais tranquila de toda Kalos.
— Mas se você está saindo em todos os jornais e programas de televisão por causa disso... — disse eu, pensando que se Lucy estava sendo noticiada toda hora por conta de sua descoberta, isso poderia ser um chamarisco para pessoas má intencionadas.
— De qualquer forma, ele não vai ficar aqui por muito tempo. Estou quase terminado meus relatórios sobre Geleca e seus comparsas. — disse Lucy. — Eu só preciso descobrir os ataques deles e a tipagem. Assim que eu obtiver os dados, estarão todos livres.
— O.k. — disse Matthew, ainda com receio de alguma coisa.
E então: Ding Dong! A campainha ressoou, e Lucy deu um pulo.
— UI! Quem será? Os outros só chegam mais tarde. — Perguntou Matthew.
— Eu já vou ver. Fiquem aqui. — Ordenou Lucy, que saiu em direção à porta de entrada. Segundos depois, ela volta com um sorriso no rosto e uma moça de pele clara, cabelos oxigenados e cara amarrada lhe fazendo companhia.
— Calem, esta é a Lillie, minha assistente. — Apresentou Lucy.
— Bonjour! — disse Lillie, educadamente.
— Bonjour. — E todos nós a cumprimentamos.
Ela, muito quieta, apressou-se em direção aos Gelecas, fez algumas caretas através do vidro, e o pokémon respondeu com uma expressão facial que lembrava um sorriso.
— Então... — Mudei de assunto, perguntando:. — Como que vocês vão descobrir a tipagem dos Gelecas?
— Muito simples. Através de uma batalha pokémon. — Afirmou Lucy.
— Uma batalha? Mas que pokémon vai ser pequeno o suficiente para competir de igual para igual com esta criaturinha? — Perguntei, abismado.
— Bem, façamos um teste. Quero a ajuda de vocês e de seus pokémons! — Pediu Lucy, com um irresistível olhar que me lembrava sua irmã.
— Por mim, tudo bem. — Falou Matt.
— Estou dentro. — Logo concordei, desviando o olhar embaraçadamente da gêmea idêntica.
 — Lillie, pode levar a estufa pra fora? — Pediu Lucy.
Ela assentiu com a cabeça e pegou o caixote de vidro nas mãos — Não era muito pesado — e saiu em direção à porta de entrada. Matthew e eu nos olhamos. Como ela era calada.

 Ato IV 

Já do lado de fora, saímos todos em direção ao norte da cidade. Lucy trancou a porta e guardou a chave no bolso do jaleco. Andamos a pé até a sutil rota que ligava Vaniville a Aquacorde Town. Era um espaço pequeno e sem nenhum pokémon selvagem onde as pessoas passavam o domingo com a família e amigos. O tempo todo, Lillie foi interagindo com os Gelecas, mas não disse uma sequer palavra.
Chegando na Rota, a garota se abaixou e deixou o caixote de vidro com a luz verde na grama, embaixo da sombra de uma árvore. Ela olhou para Lucy, com um olhar de o que é que eu faço agora?.
— Abra. — Ordenou sua mentora.
Alguns cliques e a estufa portátil estava aberta. Geleca olhou para nós, surpreso, esperando que aquilo fosse uma espécie de truque. Como não fizemos nada... As lesminhas flácidas que o acompanhavam rastejaram muito rápido para fora,sumindo em meio à natureza. E quando eu digo sumindo, é desaparecendo mesmo! Ficaram invisíveis e desapareceram pela Rota.
— Como vamos fazer para ele não fugir? — Perguntei, imediatamente percebendo a falha do plano.
— Ora, isso é simples. Vaaai, Snorlax! Block!
A pokébola de Lucy pairou a alguns metros à nossa frente, abrindo-se com um estalo e liberando uma criatura monstruosa, duas vezes a minha altura, de pelo baixo, gelatinosa e aparência fofa. Snorlax tinha os olhos apertados como fendas, mas sob o comando de Lucy, os abriu, lentamente, emitindo uma luz misteriosa que cercou Geleca, prendendo-o completamente sob os limites da Rota.
— Muito bom, Snor! Obrigada. — A treinadora colocou o gigante tipo normal de volta na pokébola e então se agachou, para ver Geleca mais de perto. — É o seguinte, amiguinho...
Lucy se dirigiu a Geleca, mas este emitiu um olhar de desprezo tão profundo que eu poderia sentir como se uma faca atravessasse Lucy. Então ela recorreu a sua assistente.
— Lillie?
Sem dizer coisa alguma, Lillie se aproximou. Não foi preciso mais do que uma careta para que ela conquistasse a atenção do pokémon.
— Como eu ia dizendo, vamos batalhar! — Continuou Lucy. — Batalhar é natural de qualquer pokémon. Desde que saem do berço, eles já estão aptos a participar de batalhas. E o fazem, por instinto. Eu lamento ter que lhe dizer, mas é a única maneira de descobrirmos seu tipo e movimentos.
O pokémon apenas ficou observando.
— Meninos?
Dei um passo à frente e soltei Pangoro.
O panda gigante rugiu com uma certa ferocidade, mas se conteve. Esperava por instruções.
— Pangoro é dos tipos Lutador e Sombrio. Vamos ver... Se os ataques não funcionarem, Geleca pode ser do tipo Lutador, Voador ou Fada. Se funcionarem, Sombrio, Fantasma ou Pedra.
— Eu chutaria um fantasma. Esses... — Ele fez uma cara de nojo — olhos desproporcionais, a capacidade de ficar invisível... Tudo encaixa, não?
— Bom, se ele foi afetado pelo movimento Block do Snorlax, isso quer dizer que ele não é um tipo Fantasma. Afinal, os espíritos são imunes à ataques normais. Mas se vocês pararem para reparar, a cor verde pode representar o tipo Planta. — Afirmei, observando que a habilidade de ficar invisível também poderia estar relacionada à camuflagem em meio à natureza.
— Se formos pensar nas cores... — Continuou Matt. — Ele bem que poderia ser um tipo Fogo. O polígono vermelho lembra alguma coisa?
— Mas também pode ser do tipo Inseto, não pode? Ele parece minhoca. Sem ofensas. — Rapidamente acrescentou Lucy, antes que o pokémon lhe injetasse mais um olhar duro.
— Minhocas são anelídeos. — Corrigiu Matthew. — Não insetos.
— Ah, é. Mas como eu ia dizendo... Só testando para vermos de que tipo ele é. — disse Lucy. — Calem?
— É pra já. Pangoro: Hammer Arm!
O braço do panda se energizou, ganhando um brilho esbranquiçado que ardia nos olhos, tão luminoso quanto lâmpada florescente. Imediatamente, Pangoro cerrou os punhos e então... desceu o braço como caratecas que quebram telha, porém com as mãos fortemente fechadas, projetando uma martelada violenta que atolaria o pobre Geleca no chão, se não fosse...
 
Geleca ergueu uma barreira de polígonos de luz bem na hora, defendendo-se da braçada.
— Dark Pulse! — Continuei. 
E Pangoro abriu bem as mãos, liberando anéis negros pulsantes que explodiram freneticamente contra... OS OUTROS?
 
A fumaça se abaixou e os quatro outros Gelecas (os flácidos) haviam se rematerializado em frente ao vermelho, protegendo-o do impacto.
— Essas habilidades são incríveis. Que movimento foi aquele? Um Protect? E este outro? Um Defend Order? Não... Acho que este é o ataque-assinatura de Vespiquen.
— Ei, olhem! Não são mais quatro!
— Hã? É mesmo...
Lucy se surpreendeu ao ver o que eu vi.  Haviam sete lesminhas flácidas ao redor do Geleca de polígono vermelho e não quatro como anteriormente.
— De onde vieram? — Fiquei me perguntando. Aparentemente, aquilo só deixou Lucy mais empolgada com sua pesquisa, pois ela pediu:
— Matthew? Por favor, traga outro pokémon. Quero ver mais do que este Geleca é capaz.
— Hydrogon, me ajude!
A criatura que conhecemos como um pequeno Deino estava irreconhecível. Altíssimo, com três pares de asas, três cabeças e uma cauda longa aliadas a pernas desproporcionais, mas fortes o suficiente para sustentar o dragão em repouso. Hydrogon, o Hydreigon era um titã vivo.
— Nós podemos usar três modalidades ao mesmo tempo: eletricidade, fogo e gelo. Vamos, Hydrogon! Brilhe com o Tri-Attack!
Três golpes de naturezas distintas jorraram das três bocas do dragão. Juntos, os três golpes exerciam danos "normais". Separados, porém, poderiam muito bem se passar por um Thunderbolt, um Flamethrower e um Ice Beam.
Imediatamente, o pequeno Geleca se reuniu em torno dos flácidos, emanando uma luz verde igual à da mini-estufa onde outrora estiveram confinados.
O chão começou a tremer, as placas tectônicas colidindo entre si para formar um mini-terremoto que abriu uma baita de uma cratera no lugar onde Hydreigon estivera pouco antes de levantar voo automaticamente como reflexo para esquivar do ataque de Geleca.
 
— Earthquake? — Perguntou Lucy. — Magnitude?
— Fala sério? Ele é tipo... Solo? Dessa cor? — Disse Matthew, ligeiramente intrigado.
— Cor não define caráter, compagnon. — Filosofei.
— Ei, eu sei disso. — Contestou Matt, lançando-me um olhar de "eu entendo o preconceito mais que todo mundo. Eu já sofri muito bullying na minha vida". Mas o assunto morreu ali, pois Lucy continuou, muito interessada em saber a tipagem do pokémonzinho.
— Calem, que tal mais um pokémon? — Ela me pediu.
— Certo, então eu vou escolher... Houndoom!
Lancei a pokébola do primeiro pokémon em minha equipe. Houndoom, do tipo Fogo. Se Geleca fosse do tipo Solo, seria agora que obteríamos a resposta.
O pokémon de feições caninas deu um uivo alto, mas Geleca não se assustou. Apenas olhou firme em seus olhos. Houndoom então farejou e começou a latir bem alto, ecoando por toda a rota.
— O que foi, amigão? O que há de errado? — Eu perguntei, tentando acalmar meu pokémon, que latia e rosnava, mostrando os dentes para Geleca. — Precisamos descobrir o tipo desse... EI! Pare!
Mas Houndoom não parou. Eu fiquei sem entender o que aconteceu quando fui obrigado a retorná-lo rapidamente à pokébola.
— O que foi isso? — Perguntou Lucy.
— Não sei... Ele estava tão nervoso! Nunca o vi daquele jeito. Será que foi o Geleca que fez ele ficar assim?
— Não sei... Que tipo de habilidade é essa? — Perguntou Lucy. — Torment?
— Acho que não... É algo diferente. Era como se o Houndoom tivesse ficado bravo só de olhar nos olhos do Geleca.
De repente, dei por falta de alguém...
— Ei! Onde está Matthew?
— Aqui em cima! — Ela acenou, de cima de um velho carvalho, a quatro metros de altura.
— Matthew? O que está fazendo aí? — Perguntou Lucy.
— Da próxima vez que for soltar esse seu cão, põe uma plaquinha de "cuidado" antes! — Resmungou Matt, cujas mãos tremiam me medo.
Então...
— Que embaraçoso! Toda vez que nos vemos, Matt está trepado num pau!

 Ato V 
— Que embaraçoso! Toda vez que nos vemos, Matt está trepado num pau!
A voz de deboche entrou em meus ouvidos e eu imediatamente procurei pela pessoa ao qual ela pertencia, com um incrível aceleramento no coração que queria dizer "eu estou com saudades". Shauna passou voando por mim e abraçou Matthew, que descera com um salto no momento em que viu a amiga atravessar a saída de Aquacorde Town, adentrando a Rota. Ela agora usava um rabo de cavalo muito comprido, tingido em um tom mais escuro que o habitual castanho, mas na frente, sua franja continuava desengonçada.
— SHAUNA!
Eles se abraçaram tão forte e de um jeito tão desengonçado que caíram na grama, rolando por ali.
— É bom ver vocês. Todos vocês! Calem, Matthew e... Ratazana.
— É um prazer vê-la também, projeto de piadista. — disse Lucy, lançando um largo (e acreditem: amigável) sorriso para Shauna. As duas se cumprimentaram e então foi a minha vez. Abracei Shauna e senti a doce fragrância que ela usava. Fleur-de-Lis, o perfume que Y deixara em seu dormitório no sub-solo da Academia Shalour.
— E esta é...? — Perguntou Shauna, referindo-se à assistente de Lucy.
— Lillie. — respondeu a garota, mas com um frio tom de má vontade.
Shauna estendeu-lhe a mão, mas a garota limitou-se a acenar, gesticulando um inaudível "olá" com os lábios.
— Mas como eu ia dizendo... — Shauna prosseguiu, ignorando completamente o que acabara de acontecer. — ...Você é super-chegado num pau, não é, Matt?
— Cala a boca. Não sou eu quem fica atacando meninos indefesos que só estão procurando se especializar em mega evoluções.
— O que eu posso fazer? Minha rosinha tem suas necessidades, assim como o seu pedaço de estaca. Todos nós precisamos de alguém pra nos fazer sentir... Hmm... Você sabe...
— Não... A palavra é "arrombados"?
— Isso! Não. Quer dizer... "Amados". Aff, Matt. Não enche a minha paciência.
— E quem é a vítima da vez? — Perguntei.
— Aí vem ele. — disse Shauna, apontando para o arco de Aquacorde. Zack vinha com sua loureza de sempre, carregando uma pilha de malhas cor-de-rosa, que combinavam com o tom das roupas de Shauna.
— O que?! O meu namorado?! — Matthew eriçou a periquita.
— Não, não é esse. O outro.
Ela apontou para mais além. Atrás de Zack, vinha um homem com um terno. Mas não formal como o dos executivos, era claramente um traje de dança. Sua forma era bem definida, e eu podia jurar que me fazia sentir inveja do excelente aspecto físico.
— Quem é ele? — Perguntei ,estreitando os olhos para tentar enxergar melhor.
— Não pode ser! — Lucy gritou. — É o Xauã Gaymond!
— Não, é só o gostoso do Tierno mesmo. — disse Shauna ao mesmo tempo em que seus olhos esbanjavam uma expressão de "pensa numa cobra, mas numa puta de uma cobra".
— O QUE?! — Exclamamos todos juntos.
— Tu tá pegando o Tierno?! — Perguntei incrédulo, a verdade me atingindo feito uma flecha no coração.
— Convenhamos... Quem ainda não pegou a Shauna? — disse Lucy, dando gargalhadas.
— Eu. — Me defendi enquanto observava Zack e Matthew se aproximarem com uma bagagem extremamente pesada e (não preciso nem dizer) escandalosa.
— AAAII, QUE FOFINHO!
O grito foi tão estridente, que senti como se meus tímpanos fossem sair correndo de minhas orelhas, pedindo socorro. Shauna se abaixou na grama e começou a acariciar o queixo de Geleca, soltando um "cute-cute-cute" com uma vozinha de falsete.
— Ah, ele é tão bonitinho... É essa sua descoberta — Indagou Shauna, pegando Geleca no colo e dando um forte abraço que quase explodiu o pokémon, tamanha a força aplicada.
— Ahn... Shauna, querida... Ele faz parte de um experimento, não deveria...
Tierno apareceu pro de trás das enormes malas. Estava tão elegante, mas tão elegante, que cogitei secretamente quais eram as possibilidades de Matthew agarrá-lo. Mas Matthew só tinha olhos para seu louro Zack, que também ostentava um corpo escultural, perfeitamente atlético.
Shauna não deu atenção à Tierno, até que foi tarde demais. Geleca começou a irradiar uma luz verde, e os flácidos começaram a subir pelas pernas de Shauna.
— Ai, não... AAAAAAHHH! Que nojo, que nojo! Tira isso de mim!
A garota, completamente perturbada, correu por toda a rota, sem saber que as lesmas já haviam deixado suas pernas havia muito tempo, exceto pela gosma verde e gelada que escorria por suas canelas.
— Ela ainda não superou o abraço que Goodra lhe deu. — Explicou Tierno.
— Gente, o papo está muito bom, mas está na hora de descobrirmos a tipagem do Geleca. Se não for muito incomodo, vocês poderiam nos ajudar com alguns pokémon?
— Ah, claro, claro.
Tierno e Zack lançaram uma pokébola cada. E lá estavam Chesnaught e Medicham, sendo o treinador resolveu esbanjar uma forma mega evoluída para este último.
 
— Ataquem. — Pediu Lucy. — Um de cada vez.
— Certo. Chesnaught, vamos começar. Seed Bomb!
Da boca do tipo grama brotou uma chuva de sementes perfeitamente redondas, que explodiam ao menor contato. Geleca convocou os flácidos novamente, agora eram dez. As lesminhas pareciam se multiplicar a cada vez que Geleca era atacado. Agora elas eram tantas que facilmente tapavam Geleca, sem muito esforço, protegendo-o de tudo o que vinha contra ele. Mas não contra isso:
— Psychic. — Pediu Tierno, e os olhos de seu Mega Medicham brilharam, contornando e delineando as lesmas, e utilizando de uma força extrassensorial para movê-las, retirando-as da frente do Geleca de polígono vermelho.
 
— Ahá! Agora vamos acertar! — Comemorou Lucy, achando que agora teria a chance de verdadeiramente testar um golpe contra Geleca.
— Vai, Chesnaught! Vine Whip!
Chesnaught acertou Geleca com suas vinhas, atirando-o longe. Glub, glub, glub, fez o pokémon quando enfim um ataque surtira efeito.
— Super efetivo. — Concluiu Lucy. É, acho que ele é mesmo um tipo Solo.
— Já chega. — De repente a assistente Lillie interveio. — Vocês não vão mais fazer isso com ele!
— Lillie? — Lucy se espantou. Que reação era essa?
— Batalhas Pokémon só servem para ferir! Não posso deixar que continuem a machucar esta criatura inocente!
Lucy colocou-se na frente de Geleca.
— Será que este também é um poder dele? Controlar pessoas e outros seres para defendê-lo? — Tierno levantou a hipótese.
— Não, ela que é pirada mesmo. — Devolveu Shauna.

 Ato VI 
— Lillie, nós não vamos machucar o Geleca! Só vamos fazer alguns experimentos com ele para descobrir sua tipagem e movimentos. — Informou Lucy.
— Isso é o mesmo que torturar! — Lillie pegou Geleca no colo e ele não pareceu se importar. As lesminhas auxiliares desapareceram todas. Ele sentia-se seguro perto da loura.
— Shauna, me ajuda aqui? — Pediu Lucy.
— Ah, claro. Vai, Aromatisse.
Shauna libertou sua parceira (as duas eram inseparáveis) Aromatisse. Com ela ali, Lillie não precisaria se preocupar com a saúde de Geleca.
— Aromatisse pode curar qualquer pokémon através de sua Aromaterapia e técnicas de recuperação de HP semelhantes. — Explicou Shauna.
— Ainda não estou convencida. — disse Lillie. — Vocês cientistas só pensam no avanço da ciência, mas não pensam no avanço da vida! Vocês estão ferindo este pokémon e toda a natureza quando fazem suas experiências nojentas e mal intencionadas! Chega de experimentos! Para nós, acabou!
Lillie pega Geleca e vai de volta para a cidade.
— Espera! — Lucy vai correndo atrás de Lillie e puxa a garota, mas esta desfere um tapão estalado na cara de Lucy.
— BRIGA! BRIGA! BRIGA! — Shauna bradou.
— De que lado você está afinal, hein? — Pergunta Matthew.
— Do lado que adora uma briga! Vai, Ratazana! Arrebenta essa vadia!
Mas eu já estava lá para parar as duas, separando-as.
— Calma, meninas! O que é isso?
— Essa porca me deu um tapa! — Rugiu Lucy que estava uma fera.
— Você bem que merecia! Olha o que fez o Geleca passar! — Defendeu-se Lillie.
— As duas se acalmem, ou eu vou chamar a polícia! — disse Matthew em um tom autoritário.
— Escuta aqui, vocês não tem o direito de fazer isso com nenhum Pokémon! Eles são seres vivos, possuem sentimentos! Não são simples--
Então ouviu-se um estouro e uma leva de gargalhadas. Aquela rota estava ficando pequena demais para tantas pessoas: um grupo de cinco integrantes se aproximou com um ar de deboche. Usavam todos roupas pretas com detalhes em branco. Seu símbolo era um grande S cujas pontas se encontravam, fechando em um formato de caveira.
— Parece que nossos coleguinhas finalmente aprenderam com a gente! Se envolveram em uma briga!
— Quem são vocês? — Perguntou Lucy.
Reconheci a voz de primeira, mas não a aparência. Darkstorm Wicked estavam mais esbeltos, com os corpos mais musculosos e o cabelo melhor cuidado, mas mantinham seus padrões.
Nossos ex-colegas continuavam seu estilo punk de sempre, mas com suas novas vestimentas, pareciam que estavam usando um uniforme, uma vez que os outros dois que os acompanhavam também utilizavam  o mesmo estilo. A diferença era que estes dois ficaram longe, no arco de entrada da Rota, como se observassem os passos de Darkstorm e Wicked pra ver o que eles iriam fazer.
 
Havia uma mulher com um top preto para mostrar a tatuagem cor-de-rosa em sua barriga. E por falar em rosa, seus cabelos tinham mechas no mesmo tom, além de um amarelo "falsérrimo". Havia também um cara todo descolado e que era novo demais para ser grisalho, mas sua cabeleira brilhava em um branco tão branco que ele parecia ter exagerado na descoloração. Ele parecia ter mais dinheiro que os outros, pois ostentava uma corrente e um relógio de ouro.
— Ahn... — Lucy ficou sem palavras, percebendo que estava uma situação muito constrangedora. — Que bom ver vocês! O que fazem por aqui?
— A gente soube que tu achou uns negócio aí e pá: viemos ver o que era! — disse Darkstorm, com aquele jeito de cidade grande, cheio de gírias.
— Ah, eu ficaria contente em mostrar para vocês, se não fosse... — Lucy olhou para Lillie, que se afastava na direção da cidade com Geleca no colo.
— A gente quer ver agora, pô! — Reclamou Wicked. — Pros outros tu mostra né, mas pros mano não! Vai, ver! Fiquei bolada agora! Se pá, tu mexeu com a pessoa errada, sua escrota.
— Escrota é você, garota! — Devolveu Lucy. — Esse seu linguajar me enoja!
— BRIGA! BRIGA! BRIGA!
— Shauna, agora não. — Tierno segurou Shauna, percebendo - assim como eu, Matthew e Zack - que aquela situação estava ficando estranha. O que eles queriam? Nunca se importaram com a gente, nosso contato foi mínimo e eu mal podia me lembrar de alguma conversa entre nós em sala de aula.
— Vai nos mostrar ou não vai? — Perguntou Darkstorm, irritado.
— Dark... Calma. — Pediu Lucy. — Vamos com calma, eu estou... Tendo uns problemas aqui...
— Na moral, nós também, pô! Colabora aí. Tão vendo aqueles caras lá atrás?
Darkstorm apontou para a mulher de top e o homem da corrente.
— Nossos chefes. Estão avaliando nosso trabalho, mermão.
— Trabalho? Vocês estão aqui a trabalho? — Perguntou Lucy inocentemente.
— Claro. Queremos ver o que você descobriu, gata!
— D-desculpa, mas em primeiro lugar, trate-me com respeito.
— Vai mostrar ou não?
Lucy hesitou, mas apontou em direção a Lillie, que visivelmente carregava alguma coisa para a cidade.
— Aí: Achamos! — Wicked gritou para seus superiores e eles se aproximaram.
— CAPTUREM-NO! — Bradou o homem de cabelos brancos.
— O que? — Lucy se assustou, mas era tarde demais. Ela havia entregado a posição de Geleca e agora os quatro malandros iam atrás de Lillie, com pokébolas em mãos.

 Ato VII 

— Team Skull, ATACAR! — Gritou a mulher dos cabelos rosa e amarelos.
Ao ouvirem aquilo, todos sacaram suas pokébolas, mas não eram bolas normais. Todas elas eram especiais, daquelas produzidas pela Corporação Devon, e de dentro delas, surgiram vários pokémon de aparência perigosa.
   
— LILLIE! — Gritei, chamando a atenção da garota, que não percebera o que se passava ás suas costas. — CUIDADO!
Lillie virou-se e deu de cara com ataques que voavam em sua direção. Todos os quatro pokémon, o que incluía o Drowzee de Darkstorm, o Haunter de Wicked, o Golbat da mulher e o Ariados do homem, lançaram seu Shadow Ball muito rápido, não dando tempo para a garota fugir do perigo iminente.
 
 
— AAAHHHHHH!
As bolas de sombra explosiva lançadas pelos pokémon explodiram nas costas de Lillie, rasgando sua roupa e chamuscando sua pele. A garota caiu desacordada no chão, Geleca indo parar a metros de distância...
— Glub, glub, glub!
— Ah, aí está você!
De repente, o homem dos cabelos brancos saiu na frente dos outros e tomou a dianteira.
— Há muito tempo eu estou procurando por algo que possa nos dar poder! E você É PERFEITO PARA ISSO, ZYGARDE!
—Zygarde?! — Todos ficamos abismados quando o homem apontou para Geleca chamando-o de Zygarde. Do que ele estava falando? Zygarde era uma serpente enorme, um pokémon lendário de proporções gigantescas.
— Ah, vocês não sabiam?! — O homem dá risada. — Pois nós da Team Skull sim! E vamos levá-lo pros nossos irmãos, pode crer!
— Querem explicar o que significa isso? — Lucy se irrita.
— Quieta, mina! Vamos levar esse Zygarde e ponto final. — Opôs-se Darkstorm.
— Ele não é um Zygarde, do que vocês estão falando?!
— Ah, não é? — A mulher então falou. Tinha uma voz grave e autoritária. — Vocês não sabem de nada, mesmo... Peguem-no!
Os pokémon então atacam novamente, utilizando ataques aleatórios sob aquele comando vago da mulher.
 
 
Imediatamente, reagimos.
— Chesnaught, Pin Missile!
— Aromatisse: Charge Beam!
— Medicham: Zen Headbutt!
— Hydrogon: Hyper Beam!
 
 
Os ataques colidiram no ar, explodindo em uma nuvem de fumaça e produzindo um estrondoso ruído que parecia uma guerra nuclear.

— Já chega! Ninguém vai levar o Geleca ou Zygarde ou sabe-se lá que criatura é essa! — Gritou Lucy, zangada.
— Foi mal, mas não vai dar! — disse Wicked com um ar debochado.
— Se nossos chefes querem que a gente pegue o bichano, nós vamos pegar! Drowzee, Psybeam!
— Haunter, Confuse Ray!
 
Os ataques voaram pra cima de Geleca na forma de ondas psíquicas, bem no instante em que as lesminhas se materializaram novamente à sua frente e o protegeram.
— Isso, Zygarde! Mostre a eles sua verdadeira aparência! — disse o homem de cabelos brancos, contente em ver Geleca em ação.
E como se Geleca tivesse compreendido aquelas palavras, seu corpo começou a brilhar em um tom de verde muito intenso e as lesminhas começaram a entrar dentro dele, sugadas pela luz.
— O que é isso? — Pergunto, espantado ao ver o corpo do pequeno Geleca ser reconstruído, célula por célula.
— Não pode ser... — Lucy ficou boquiaberta e eu mais ainda. 
 
 
De repente, o ser de um olho maior que o outro, corpo de aparência duvidosa e sua falta desproporcionalidade era um canino com padrões hexagonais por todo o corpo, das cores verde e preto.
Então eles estavam certos: Geleca era mesmo o Lendário Pokémon Zygarde e era por isso que Houndoom rosnava para ele: porque o havia reconhecido.

 Ato VIII 

— C-como vocês sabiam? — Perguntei, apavorado.
— É que o nosso chefinho é dez! — Respondeu Wicked, indicando o homem de cabelos brancos com as mãos.
— Huh... Eu não tive a oportunidade de me apresentar ainda, certo? Ou melhor, a oportunidade de NOS apresentarmos! O meu nome é Guzma!
— Plumeria. — Disse a mulher do top.
 
— Wicked.
— E Darkstorm!
— Somos a Team Skull! — disse por fim Guzma. — Somos uma organização informal que foi crescendo e crescendo cujo objetivo é acabar com o sistema de líderes de ginásio e semelhantes!
— Acabar com os líderes de ginásio? — Perguntou Shauna, debochando. — A Team Flare queria refazer o mundo do zero e vocês simplesmente querem acabar com os líderes de ginásio...? Mas que diabos de equipe vilã é essa?
— RAIOS! — Exclamou Plumeria, se descontrolando. — Você entenderia se já tivesse sofrido o que nós sofremos! Eles disseram: "Vocês não podem se tornar líderes de ginásio porque têm tatuagens, porque têm cabelo colorido, porque não sabem sequer falar direito!" Eles sequer repararam em nossas habilidades em batalha! Eles sequer viram o quanto a gente era bons!
— Disseram que éramos malandros demais, metidos a marginais, drogados e coisas do tipo. — Explicou Guzma. — Disseram que nosso estilo não servia para um cargo série e "de repeito" como o de líder de um ginásio. A partir daí, começamos a nos reunir... Garotos e garotas de todas as idades que um dia foram julgados por seu estilo... Garotos e garotas que foram impedidos de competir por estética e outros fatores fúteis! Hoje, somos enormes!
— Vocês mesmos fizeram isso com a gente! — disse Darkstorm. — Pensa que eu não sei que vocês se reuniam toda hora, saiam, treinavam e faziam um monte de outras coisas em seu grupinho ao qual nunca nos incluíram nem por um momento sequer?
— Hoje, por exemplo...— Continuou Wicked, injustiçada. — Estão todos aqui, mas vocês por acaso se lembraram de convidar a gente? Se lembraram de que a Turma 13 possuía mais gente do que apenas o seu clubinho fechado?
— Nós jamais os julgamos por seu estilo! — Exclamou Matthew. — Apenas nunca tivemos uma boa oportunidade de conversar e interagir! Olhem só pra mim: Sou Gay e tenho cabelo azul! Que mal tem nisso?
— Ah, é? E quem disse que já não tentamos interagir, David Bowie? Quantas vezes fomos até vocês e fomos excluídos? Eu me sinto ferido, cara! Eu me sinto ferido! — Urrou Darkstorm. — Eu sei que vocês olhavam pra gente e pensavam que éramos drogados, nada além de uma rafuagem, gentalha miserável. EU SEI! EU CONSEGUIA VER NOS SEUS OLHOS O DESPREZO QUE TINHAM PELA GENTE SEM NEM SEQUER NOS CONHECER DIREITO!
— Easy, man! — Gritou Zack. — Nós nunca fizemos nada para vocês! Isso é coisa da sua cabeça! Acontece que Shauna, Tierno, Calem, Matt e eu somos mais próximos, por isso formamos esse "clubinho". Porque nos damos bem. Isso não quer dizer que a gente despreze vocês!
— E isso também não quer dizer que a gente apoie o preconceito em concursos públicos para líder de ginásio! Veja, todos aqui sofremos algum tipo de preconceito... Eu sofri muito por ser gordinho. Shauna é uma ninfomaníaca em potencial e não tem medo de expressar seus sentimentos por garotos.
— EI! — Gritou Shauna, enquanto Lucy e Matt abafavam risinhos.
— Matt e Zack são namorados do mesmo sexo... O Calem se cortava e a Lucy... Bem, ela sempre foi a gêmea má! Mas a gente superou o que diziam da gente! A gente percebeu que o importante é a gente ser feliz e gostar de nós mesmos!
— Seja como for... — disse Wicked, levemente mais calma, vendo que não tinha razão no que estava dizendo. — Poderiam ter convidado todos da Turma 13, incluindo a mim e a Darkstorm para ver a descoberta. Por que só vocês?
— Bem, pra falar a verdade... Quem descobriu o Geleca fui eu. — disse Lucy. — Eu nunca fui colega de vocês! Nem sei quem são, pra falar a verdade! Minha irmã era colega de vocês! Se ela tivesse descoberto, eu até concordaria com o que vocês dizem!
— E por que vocês querem tanto ver o Zygarde? O que ele tem a ver com isso? — Perguntei.
— Ah... Enquanto vocês ficavam se divertindo, nós andamos observando. — Respondeu Darkstorm. — Descobrimos muito antes de vocês que o Diretor Chevalier tinha um segredo na floresta. Nós saíamos para fumar escondido (e fazer outras cositas más) no bosque em Shalour e certa noite, vimos ele entrando e desaparecendo no matinho. Achamos estranho e nunca mais o encontramos. Depois de um tempo, vimos que ele ia para a floresta toda noite e sempre desaparecia no mesmo local. Investigamos e descobrimos uma sala de pedra no subsolo, onde o diretor guardava uma criatura esquisita... Era Zygarde!
Wicked continuou o assunto:
— Descobrimos isso logo no primeiro mês de aula! Vocês levaram um ano pra isso! Todas as noites nós íamos para a tal sala cuidar o diretor e sua criatura. Ele treinava secretamente com Zygarde utilizando aqueles bichos que ele chamava de Frufi e Elizabeth! E foi assim que descobrimos que Zygarde possuía mais de uma forma.
  
— Primeiro, a Forma Núcleo, que vocês chamam de Geleca. Depois, as Formas Celulares, que se unem à forma núcleo toda vez que ele precisa aumentar seu poder. Quando isso acontece, temos a Forma Canina, onde Zygarde mantém 10% de seu poder original. A Forma de Víbora que todos conhecem é quando Zygarde tem 50% de toda a sua energia.
— E mais: Ouvimos o Diretor dizer inúmeras vezes que Zygarde possui uma forma misteriosa onde 100% de seu poder poderia ser utilizado, mas que ele não sabia como ativá-la. — Contou Darkstorm. 
A partir daí, Guzma e Plumeira (respectivamente) assumiram a conversa:
— Darkstorm e Wicked se alistaram recentemente na Team Skull, revoltados com sua total exclusão na sociedade! Eu acabei lhes dizendo em uma conversa ou outra que o que precisávamos era juntar força para poder derrotar todos os Gym Leaders e pra isso precisávamos de um BANG! pokémon que fosse capaz de causar um estrago!
— Foi então que Dark e Wicky nos contaram do Zygarde que viva debaixo da escola, mas ficamos sabendo que o diretor havia se bandeado para a Team Flare. Então, enviei dez dos meus recrutas para se infiltrarem e espionarem a Team Flare por dentro. Deu certo, não deu? Descobrimos as formas de Zygarde e o monitoramos até o momento em que a Ultimate Weapon foi ligada. Porém, quando certos adolescentes pararam a máquina e os lendários foram libertos, perdemos Zygarde de vista. Ele obviamente tinha regressado à forma Núcleo e liberado suas células, o que dificultou nosso trabalho em encontrá-lo.
— Porém, — continuou Guzma — ficamos sabendo que certa cientista havia descoberto uma criatura nova! Quando vimos na TV, Darkstorm e Wicked nos confirmaram que aquele era o pokémon que pertencia ao diretor e também o pokémon que estávamos procurando este tempo todo!
— Agora que enfim o encontramos, não vamos deixar que suma novamente! — Informou Plumeira, em um tom agressivo.
— Só que passem por cima do nosso cadáver! — Gritou Matthew.
— Ou pelo do Zygarde! — disse Zack, apontando para o lendário. — Olhem!
A fúria de Zygarde estava aumentando e ele parecia não só ter compreendido o que a Team Skull havia dito como também percebido que estava em perigo. Foi quando atacou sem dó nem piedade aos pokémon adversários.
Drowzee, Haunter, Golbat e Ariados foram pegos por uma energia pulsante do tipo Dragão, sendo nocauteados na hora.
 
— É isso aí! É isso aí! — Gritou Plumeria, em total excitação ao ver Zygarde em ação. — É deste pokémon que precisamos!

 Ato IX 
Guzma deu um cuspe desleixado no chão e ergueu a mão para o alto, contendo uma pokébola Penumbra. A princípio, pensei que ele iria jogá-la contra Zygarde para tentar capturá-lo, mas o homem apenas a deixou cair de leve, soltando um pokémon que eu jamais imaginaria nas mãos de um malandro como aquele.
Greninja deixou a esfera com uma aura brilhante, o corpo anfíbio coberto de água acompanhado de um charme especial que somente um pokémon inicial poderia possuir.
— Greninja? — Falei em um tom de surpresa, ao ver uma das três maravilhas de Kalos sob o controle da Team Skull.
— Este é mais do que um simples Greninja! — Exclamou Plumeria, em um tom de arrogância, como se o termo correto para eu designar aquele pokémon fosse "Rei" ou mesmo "Deus". — O nome dele é Rainbow e ele é o mais poderoso pokémon que existe na face da Terra!
— Ah, é? — Insistiu Zack. — Infelizmente, ele não será páreo para os tipos Grama e Lutador de meu Chesnaught!
— É o que veremos! — disse Guzma, com um sorriso maníaco no rosto. Foi então que percebi que Greninja possuía algo de diferente. Um dispositivo eletrônico, para falar a verdade, grudado em seu braço.
UMA MEGA STONE?! Não, não era possível. Os Iniciais de Kalos ainda não possuíam uma Mega Forma, pelo menos não uma conhecida e estudada pelos cientistas! Mas será que... Será que este possuía?!
Percebi que Guzma brincava com a corrente de ouro em seu pescoço com o S da Team Skull e então tudo aconteceu muito rápido para meu cérebro registrar com precisão. Mas foi mais ou menos assim:
Guzma girou a corrente e de trás dela havia um item que não se assemelhava a uma Key Stone, mas a um cristal de Revive, só que azul e exalando um brilho muito intenso.
Então o homem começou a fazer uns gestos engraçados com os braços: uma dancinha esquisita que não combinava com seu estilo dark agressivo. Foi quando ele disse algo mais ou menos como:
— Testemunhem um novo conceito de evolução! Hydro Vortex!
Sob aqueles palavras e a influência do cristal na corrente de ouro, Greninja brilhou e um redemoinho de água se formou ao redor de seu corpo, subindo aos céus rápida e intensamente, girando em torno do eixo que era o próprio pokémon.
— O que é isso? — Perguntou Lucy, espantada.
— É um Vortex de Água! — Explicou Darkstorm. — É assim que Greninja evolui!
O Vortex não parou por um instante sequer,e por debaixo da água turbulenta, uma luz vermelha chamou a atenção. De fato, Greninja estava passando por uma transformação. Estava evoluindo.
 
A água ficou menos densa e a nova forma de Rainbow se instaurou. Ele agora estava mais alto um pouco e sua cabeça possuía detalhes em vermelho, branco e preto, o que o distinguia dos demais Greninja. Aliás, quantos outros podiam fazer aquilo?
— Agora! — Ordenou Guzma.
Rainbow, o Greninja continuou dentro do Vortex, mas direcionou a água contra Zygarde, capturando-o rápida e facilmente em uma prisão que seria super efetiva se não fosse o tipo dragão protegendo a essência tipo terrestre do pokémon lendário. Mas mesmo o golpe não sendo tão eficaz como seria contra um tipo solo puro, Zygarde Canino parecia sofrer demais com aquele redemoinho, não conseguindo sequer escapar das ondas que o circundavam.
— NÃO! — Tierno, Shauna, Matt, Zack, Lucy e eu gritamos em uníssono quando percebemos o que se passava. A Team Skull estava vencendo.
Dragon Breath, Hydrogon!
— Medicham: Zen Headbutt!
— Aromatisse, arrase com o Charge Beam!
— Chesnaught, use o Seed Bomb!
 
 
Quem estava com seus pokémon do lado de fora da pokébola atacou. E mesmo ataques tão poderosos quanto Dragon Breath, Zen Headbutt, Charge Beam e Seed Bomb explodindo em disparada para cima de Greninja, nada parecia surtir efeito em Rainbow.
Water Shuriken! — Ordenou Guzma no momento em que percebeu o contra-ataque pro parte de Matthew e dos outros.
Greninja rapidamente se separou do Vortex, que ainda prendia e torturava Zygarde e do lado de fora, iniciou um ataque supremo de Water Shuriken que não só o defendeu dos ataques adversários formando uma barreira de água, como também investiu contra Hydreigon, Mega Medicham, Aromatisse e Chesnaught, acertando-os e causando muito dano e dor.
 
Com um único ataque, Rainbow, o Greninja varreu todos com uma explosão de água que molhou (e acredite: cortou) a todos nós.
Senti meu rosto sangrar com os pingos de Shuriken e o ardor foi intenso, mas eu não podia me render. Aquele pokémon — Ou melhor: todos aqueles infelizes — tinham que pagar.
E assim também pensaram meus colegas. Shauna lançou Absol; Matthew chamou por Audino; Tierno convocou o Camerupt que um dia pertencera ao finado Trevor; e Zack optou por Scizor.
   
 — Acham que isso vai ser suficiente? — debochou Wicked.
— Se Rainbow derrotou Chesnaught, Aromatisse, Mega Medicham e Hydreigon com um único ataque, com esses daí ele não vai precisar nem de meio golpe. — Gozou Plumeria.
— Isso é o que você pensa, sua mocreia anoréxica! — Xingou Shauna. — Turma 13, AGORA!
Ela ergueu o pulso bem alto e tocou na pedra no centro do Mega Bracelet criado por Clemont e todos fizeram o mesmo movimento, quase que em uma coreografia ensaiada.
Então uma luz rosada, mas que misturava todos os 7 tons do arco-íris inundou a rota, expelindo uma energia que não nos causava dano, mas a gente podia sentir seu preso, sua pressão no ar. Quando todos aqueles pokémon assumiram suas formas mega evoluídas ao mesmo tempo, pôde-se perceber na atmosfera o quanto eles haviam ficado poderosos.
   
Enquanto isso, Lucy e eu corremos até Lillie, que continuava caída, as costas em carne viva depois do atentado contra sua vida.
— Você está bem? — Perguntei, mas ela ainda estava meio grogue quando Lucy a acordou, abanando um ventinho em seu rosto e molhando-lhe a testa.
— Cof cof! — Lillie tossiu, demonstrando com uma expressão facial a terrível dor que deveria estar sentindo.
— Lillie, pode me ouvir? — Perguntei. — Você acha que consegue fugir daqui?
Mas ela estava mesmo mal. Se já era branca normalmente, agora estava virada num papel.
— N-não... — Resmungou ela bem baixinho, mal dando pra ouvir.
— Bom, mas você vai ter que fazer isso! — disse Lucy em um tom duro de ordem. — Vamos distrair esses caras e então você some daqui, entendeu?
— N-não... Ele... Ele resolve tudo! — disse a garota, confiante no poder de Zygarde.
— Lillie, ele está preso em um redemoinho de água, uivando de dor! Não vai sair de lá tão fácil!
A garota levantou o olhar e viu o que se passava. Mesmo assim ela sorriu com sua cara de carrancuda e disse:
— Ele resolve tudo.
E apagou de novo.
— Absol, use Megahorn! — Ordenou Shauna, que agora estava bastante séria, diferente de a poucos minutos atrás.
— Um ataque tipo Inseto? Mas que ousadia! — Ofendeu-se Plumeria, vendo a super efetividade daquele mega chifre em Rainbow, o Greninja. Mas Guzma não se abalou. Muito pelo contrário. Ele preferiu contra-atacar.
Night Slash!
Rainbow utilizou sua super velocidade para atingir Absol fisicamente antes que seus chifres superdesenvolvidos entrassem em contato em sua pele.
 
Assim, com múltiplos strikes no ar, em um golpe não muito efetivo, a energia emanada por Greninja provou-se superior à da Mega Evolução, que fora arremessada contra o chão, retornando à sua forma comum, o que só podia significar uma coisa: Absol foi derrotado por um ataque do próprio tipo.
— NÃO!!
Shauna correu até o pokémon no momento em que Matt entrou em combate.
— Audino, Power-Up Punch!
O pokémon que recebera de sua irmã Valerie, a líder do ginásio de Laverre, saltou no ar e energizou o punho de tal forma, que proporcionou um soco devastador e super efetivo. Uma pena que Greninja logo se recompôs e seguiu as novas ordens de Guzma:
Aerial Ace!
 
Com um golpe ninja, tão rápido quanto o Night Slash anterior, as patas de Rainbow se energizaram e ele atacou com múltiplos socos e chutes aéreos, jogando Audino contra uma árvore e retirando seus últimos pontos de HP...
— COMO?!
Matt se surpreendera. Aquilo nunca acontecera anteriormente. Greninja era tão forte assim a ponto de derrotar três mega evoluções com apenas um ataque à la One-Hit KO? O que era aquele pokémon afinal e porque ele era diferente dos demais?
Eruption! — Bradou Tierno, tentando um ataque diferente, mesmo que não fosse muito efetivo contra o tipo água de Greninja. Quem sabe aquele fosse tão diferente a ponto de ter as vantagens e desvantagens trocadas como em uma Inverse Battle?
Mas nada de diferente aconteceu. Quando os vulcões nas cotas de Mega Camerupt explodiram, liberando lava de verdade contra Greninja, ele recebeu o ataque com prazer e não parecia ter sofrido muito. Talvez não estivesse com a energia nem na metade, para ser sincero.
— Mostre a eles que com a Team Skull não se brinca! — Gritou Guzma. — CUT!
E Greninja saltou pra cima de Camerupt, cravando uma kunai ninja sob o espesso pelo do tipo fogo, fazendo-o perder um bocado de sangue e é claro, toda a sua energia de batalha.
 
Com mais uma mega derrotada, Greninja dirigiu seu olhar para a última: o Scizor de Zack. Quais eram as vantagens? Greninja tinha 5 movimentos contando com o Hydro Vortex que prendia Zygarde: Water Shuriken, Cut, Aerial Ace e Night Slash. Sua força era muito superior e a cada vez que derrotava um pokémon mega evoluindo, ganhava quilos de experiência, possivelmente tendo subido de nível uma ou duas vezes só nessa batalha.
O que Zack deveria ter feito? Não sei, mas ele simplesmente investiu, na esperança de atrasar Rainbow mais um pouco enquanto nós pensávamos em alguma estratégia para libertar Zygarde e devolvê-lo à segurança.
Air Slash!
Cut de novo!
 
Enquanto o tipo Inseto e Metálico jorrava lâminas de ar super afiadas, Greninja apostava em suas kunais de ninja, que rebatiam a técnica de Mega Scizor do mesmo jeito que raquetes contra bolinhas de ping-pong.
No fim, o sapo saltou e deu um fim na mega shinka com mais um corpo profundo, superando a barreira natural do tipo metálico e ultrapassando seu exoesqueleto. Pronto. Em questão de segundos, estavam todos acabados. Todos derrotados.
— Como... Como ele pode ser tão forte? — Perguntei.

 Ato X 

— Como... Como ele pode ser tão forte? — Perguntei.
— Tínhamos um trato com um cientistas aí. — Respondeu Plumeria.
— Deveríamos roubar alguns pokémon publicamente para que eles os "salvassem", quando na verdade, estávamos repassando esses pokémon para que fossem feitos experimentos científicos não-autorizados pelo governo. Era tudo uma grande encenação, na verdade, mas no fim, saímos como vilões e eles, como mocinho. — Conta Guzma. — Este Greninja aqui era apenas um Froakie quando eu o levei. Mais tarde, quando ele retornou na forma de pagamento, estava diferente. Estava mais forte, treinado, evoluído e é claro... Era capaz de mudar de forma, era capaz de usar um Z-move!
Zi muv? — Perguntou Zack, não entendendo nada.
— Um Z-Move, um movimento de socorro como aquele Hydro Vortex! — Explicou Wicked. — São ataques que não fazem parte do moveset básico de 4 ataques, mas que podem ser convocados sempre que algum pokémon precisa de ajuda, como um quinto ataque.
— Entretanto, um Z-Move só se pode usar uma única vez em batalha. — Continuou Darkstorm, que olhava fixamente para a corrente de ouro de Guzma, o que deu a entender que aquela pedrinha azul que emanava um brilho tão profundo era a chave deste quinto ataque. Puxa vida, aquilo era uma "variação de Mega Evolução" e os bandidos tomaram conhecimento disso antes dos mocinhos! Que sacanagem!
— Por falar nos diabos... — Guzma coça o queixo quando uma dúvida de repente lhe atravessa o pensamento. — Essa vadiazinha aí não lembra os cientistas? — E apontou com um gesto de cabeça para Lillie.
— É, parece. — Concordou Plumeria.
— Ela também se parece muito com nosso Big Bro, o Impulsionador Gladion! — Lembrou Darkstorm.
— Ela se parece com muitas pessoas que conhecemos! — Disse então Wicked. — Quem é ela?
Mas todos ficamos em silêncio. A verdade é que nem nós sabíamos ao certo quem Lillie era. Lucy era quem mais a conhecia, afinal, Lillie era sua assistente de laboratório.
— A mina fez uma pergunta. — Disse Guzma, aproximando-se de Lucy e apertando-a no maxilar com sua mão esquerda, aplicando bastante força. — RESPONDA!
— Largue-a! — Berrou Zack.
— Responda: quem é a vadia? — Indagou Guzma, não dando bola para os adolescentes revoltados ao seu redor.
— Vadia é a puta da sua mãe! — Respondeu Lucy, cuspindo na cara do marginal.
— Vai se arrepender por isso! Rainbow, a Shuriken!
Greninja cria e dispara sua Shuriken gigante, mas não tão gigante quanto da última vez. O alvo agora, Lucy, era menor e portanto, mais fácil de matar.
Imediatamente reagi, quando Greninja estava a ponto de lançar sua lâmina de água colossal. Lancei a primeira pokébola que me apareceu para cima e gritei: DEFENDA!
Foi quando Frogadier disparou sua Water Pulse na direção da Shuriken, defendendo e salvando Lucy.
 
— AH! CALEM!
Ela se emocionou quando me viu protegendo-a. Lucy era extremamente igual a sua irmã e isso só aumentava meu instinto protetor. Pela Y, eu faria de tudo para mantê-la salva.
— Um Frogadier? — Gozou Guzma.
— Gyahahaha! Acha que vai conseguir derrotar nosso mais-que-evoluído Greninja com sua pré-evolução fraca e sem dupla tipagem? — Disse Darkstorm, incrédulo.
— Não, eu não vou derrotar vocês com isso, mas eu posso fazer uma coisa com Frogadier!
De repente, me senti no comando. Eu sabia o que fazer, como se algo ou alguém estivesse me dizendo isso. Será que era Y me mandando um sinal? Será que ela estava vendo tudo isso que estava acontecendo de outra dimensão e me ajudando a vencer aquela batalha? Ou será que eu havia chegado a esta conclusão sozinho? Será que eu percebera aquilo tudo e organizara uma estratégia inconscientemente?
Não sei, mas que eu sentia uma presença, eu sentia. E foi através desta presença que a ideia se instalou em minha mente, clara como o dia.
— Frogadier, corte aquela corrente!
E com a mesma técnica de Cut que Greninja usava, Frogadier saltou em Guzma, removendo-lhe a corrente de ouro que carregava a pedra azul brilhante. Com um sobressalto, o líder da Team Skull tentou recuperar a corrente, mas Frogadier já a havia trazido para mim.
— Oh, oh! Isso é ruim! — Murmurou Wicked.
— E agora? O que faremos?! — Perguntou Darkstorm, apavorado, a seus superiores.
— Mantenham a calma! Ele não pode fazer nada com aquilo se não souber como usar! — disse Plumeria em um tom rígido, mas que por trás espelhava uma séria dúvida. Será que eles haviam perdido? E foi Zygarde quem respondeu essa pergunta.
Peguei o cristal azul e ergui ao alto, transmitindo todas as minhas emoções para aquela pequena pedrinha. Se funcionava do mesmo jeito que a Mega Evolução, então era assim que aquele cristal trabalhava: através do elo entre treinador e pokémon. E não é que funcionou?
O redemoinho de água que formava o Hydro Vortex foi ao pouco se dissolvendo, formando uma fina chuva que caiu de leve sobre a rota inteira e o lendário pokémon foi finalmente solto do dito "Z-Move".
 
— GROOOOOOAAAARRR!
Zygarde grunhiu, rangendo os dentes para Guzma e sua trupe e naquele instante, começou a reunir mais e mais células. Nosso pequeno Geleca estava crescendo de novo. Fios de luz verde fosforescente subiram aos céus. Eles vinham do todos os cantos, de todas as regiões. Fiquei me perguntando se Zygarde possuía suas lesminhas espalhadas por toda Kalos ou quem sabe até por todo o globo, bem no momento em que elas atingiram ao cão, que teve seu corpo reconstruído célula por célula.
 
 
Zygarde urrou e deixou que mais células o preenchessem. Desta vez, sua energia estava quase esgotada devido ao poder intensivo do Z-Move Hydro Vortex e por isso, preparou-se para unir todas elas e retomar suas últimas defesas. O Pokémon que já fora uma minhoquinha de olhos dispares, um cão feroz e uma serpente gigante agora atingia a perfeição em sua forma 100%, onde reunia todas as lesminhas flácidas para formar um ser colossal, de porte inimaginável, jamais visto anteriormente.
— Z-Zygarde! — Lucy gaguejou quando viu a criatura completa, que agora lembrava uma silhueta humanoide.
— GROOOOOAAAARRR!
O lendário que mantinha seus tipos Dragão e Solo rugiu, iniciando um ataque provavelmente seria uma vingança terrível de força equiparada ao Hydro Vortex.
 
— Plumeria! Dark! Wicky! FUJAM! ABORTAR! ABORTAR! — Gritou Guzma, liberando seus capangas. Eram uns covardes afinal. Quando a luta estava ficando interessante, deram com o pé na tábua, mas quem não ficaria com medo de um monstrengo daqueles?!
Lillie cambaleou, mas conseguiu se manter de pé para presenciar aquele momento histórico. Observamos Guzma e a Team Skull correr de volta à saída da rota, no arco que ligava Vaniville a Aquacorde Town. E então, vimos Zygarde Perfeito terminar com o disparo de um laser de energia verde.
 
O ataque atingiu Rainbow, o Greninja, queimando uma marca de "Z" em seu peito e empurrando o tipo noturno com tamanha força contra o arco, que o fez em pedaços. O portal ruiu com um estrondo e caiu, fechando a rota. Mesmo assim, eu pude ver que Darkstorm, Wicked, Plumeria e o tal de Guzma continuavam correndo, continuavam fugindo para além daquele território e levando o Greninja finalmente nocauteado em seus braços. Se haviam aprendido a lição, nós não sabíamos, mas Geleca foi bom em lhes poupar a vida, embora não tivéssemos como prever se iriam tentar ferir Zygarde novamente.
Com tudo terminado, senti um alívio imediato no peito. Os outros também pareceram ter tido a mesma sensação, pois se jogaram no chão, dando "graças a Arceus" por tudo ter corrido bem.
— Zygarde...
Voltei-me para o gigante, mas não mais o encontrei. Ele estava ali havia poucos segundos e agora era um cão novamente, do tamanho de Houndoom. Um Rival Perfeito, pensei.
— E agora? O que faremos? — Perguntou Tierno, preocupado.
— Não era uma descoberta, afinal... Era só o Zygarde do Diretor Chevalier. — Entristeceu-se Lucy.
— Mas claro que era! — Defendeu Shauna. — Alguém aqui sabia como era a forma completa de Zygarde? Aliás... Alguém aqui sabia que ele também era uma minhoquinha do tamanho de uma mão capaz de se reorganizar em conjunto com outras minhoquinhas?
— É, talvez você tenha razão, Shauna. — O tom de Lucy era triste e desiludido. — Mas eu vou ter que me desfazer de Zygarde do mesmo jeito. Eles vão voltar a procurá-lo. E se não voltarem, talvez outras pessoas o façam! Mas... Para onde podemos levar Zygarde? Onde podemos mantê-lo em segurança?
— Para o subterrâneo de Shalour?: — Perguntou Zack na inocência.
— Está doido? Todo mundo sabe agora da existência daquele lugar! Vai acabar virando ponto turístico! — Comentou Matthew, exaltado.
— É, tem razão... — disse Lucy.
— Que tal levarmos para o laboratório e espalharmos a notícia de que foi roubado? — Sugeriu Tierno.
— Ou talvez pudéssemos deixá-lo decidir o que seria melhor! Ele é um lendário, talvez saiba se comunicar com humanos. — disse Shauna.
— É uma boa. — Concordei.
— Mas e se voltarem a encontrá-lo no estado selvagem? — Perguntou Matthew.
— Olha, se ele se transformar nesse golem gigante toda vez que ficar em perigo, não vai ter ninguém que consiga derrotá-lo! — disse Lucy.
— Ah, nisso tu tens razão! — Assentiu Matt.
— Mas o que vamos dizer para a imprensa? — Perguntou Lucy.
— Temos que fazer o boletim de ocorrência primeiro. Quem sabe a polícia não sabe o que fazer com ele? — Perguntei.
— E deixar que o governo tome conta de Geleca? — Receou Lucy.
— É, talvez não seja uma boa ideia não. — disse Shauna.
— Ou talvez a gente devesse... Ahn... P-pessoal? — Zack nos chamou a atenção. — Onde ele está?
Quando olhamos aos nossos arredores, tudo o que vimos foi uma pequena rota onde crianças costumavam brincar completamente destruída e nenhum rastro de Zygarde.
— LILLIE! — Lucy exclamou. — Ela não está aqui também! Ela o levou!
— Do estado que ela tava, está mais para "ELE a levou!" — Comentou Shauna.
— Agora não, querida. — Repreendeu Tierno, lançando-lhe um olhar de advertência. Estávamos todos em uma situação muito delicada naquele momento. Aliás, parece que sempre que nos encontrávamos, alguma coisa ruim acontecia para arruinar tudo... SEMPRE. E daquela vez não foi diferente. Tudo havia virado de cabeça para baixo...

~Lillie

Quando o relógio bateu 8 horas da noite, o enorme cristal cor-de-rosa que decorava a cidade de Anistar, o famoso relógio de sol Sundial, emitiu um brilho especial e Zygarde uivou em sua direção. Senti uma coisa enauseante em minha barriga e então, o tempo parou, o espaço se alterou ao entrarmos no portal que se abrira.
Tudo ao meu redor girou e eu achei que fosse desmaiar de novo, mas quando abri os olhos, estava em um lugar completamente diferente, com um clima, aroma, essência e energia completamente diferente.
 
Reconheci o Moondial, em sua estrutura cristalina azul no Distrito de Kalola, do outro lado do mar, na tropical região de Alola. Aquela era, afinal, a ligação entre as duas regiões: os misteriosos relógios esculpidos em cristal, receptáculos do sol e da lua, detentores do tempo e do espaço.
E ninguém fazia ideia disso. Ninguém fazia porque ninguém lia. Ninguém lia os livros antigos e aqueles que detinham o conhecimento das antigas escrituras, julgavam tudo como meras lendas. Mas Zygarde também era uma lenda e ali estava ele, certo? Então por que não apostar em outras coisas que foram desacreditadas com o tempo? Por que não pensar em algo grande?
Verifiquei em meu bolso se a pedra ainda estava ali. Sim. Estava. Peguei uma pequena e antiga (muito, muito, muito antiga) caixinha que me restava de recordação de tempos infelizes e coloquei ali o cristal em formato de losango, sob um fundo falso que eu mesma inventara em tempos de crise. Aproveitei e coloquei as Key Stones de Calem e Lucy. Eles nunca deveriam ter se aproximado tanto de mim...
Peguei a caixinha com firmeza. Eu mal podia me manter de pé depois daquela viagem com as costas detonadas. Mas eu ainda tinha mais um lugar para ir. Eu precisava esconder aquilo. Algum dia eu poderia precisar.
E então uma imagem me atravessou o véu da memória. Uma Ilha de Alola muito reservada, onde as pessoas não costumavam se aproximar muito devido a diversos fenômenos naturais perigosos à saúde. Isso mesmo: Aniuea Island.
— Saia, Lapras!
Liberei meu transporte na praia e coloquei Zygarde, agora na minúscula forma nuclear de Geleca, dentro de minha bolsa, onde se acomodou sem problema nenhum. Montei nas costas de Lapras e viajei a noite todavia Surf.
Quando avistei as enormes cadeias de montanhas, eu sabia que havia chegado no Distrito da Ilha do Dragões, mas já estava amanhecendo e eu não havia dormido um bocado sequer. Mas valeria a pena futuramente, eu disse para mim mesma. Pisei na praia já procurando por um local onde eu fora muito quando criança. Uma antiga construção de pedra que guardava muitos segredos...
Passei pelo Pokémon que resguardava as ruínas e depositei a caixinha na parte mais profunda do lugar que um dia fora um mosteiro. Então peguei a pedra azul da Team Skull e escondi em outro lugar. Se alguém encontrasse um sequer desses objetos, ainda havia a chance de não encontrar o outro. Então prendi o pequeno cristal azul brilhante em uma rocha que formava a parede do local. Em breve, muito em breve, eu precisaria daquilo e ali naquele lugar oculto, longe dos olhos humanos, minhas valiosas aquisições estariam seguras, onde ninguém (NINGUÉM) jamais poderia encontrar.
No fundo, eu ria enlouquecidamente por dentro. Eu triunfara. Não foi nem Lucy nem a Team Skull que saiu por cima. Mas eu: Lillie, a garota estranha que gostava de livros e não falava absolutamente nada! Mal eles sabem que todos aqueles livros me deram conhecimento o suficiente para identificar Zygarde e ainda me ajudaram com maneiras de me aproximar dele, maneiras de me atrair e me relacionar com aquele pokémon tão fechado e receoso.
E deu certo, não deu? Agora Zygarde estava ali comigo, em minha casa, distante de ser achado. E tudo isso porque ele confiava em mim, algo que eu nunca faria se estivesse no lugar dele.
Agora, depois desse dia tão exaustivo, só havia mais uma coisa a se fazer, uma missão restante a ser cumprida... Parti para Melemele Island com mais uma vítima em mente.

FIM

 
 
 
 

CRÉDITOS:
A artwork de Shauna foi encontrada em Alexiscooper Wiki, disponível em: http://alexiscooper.wikia.com/wiki/Shauna
O Trainer Card foi elaborado por owo-face, DeviantArt. Disponível em: owo-face.deviantart.com/art/Trainer-Card-305515459
O logotipo do "Z" inspirado em Zygarde foi encontrado em NeosTH201, DeviantArt. Disponível em: http://neosth2001.deviantart.com/art/Pokemon-Z-Logo-My-Version-413633470

0 comentários:

Postar um comentário

ATENÇÃO: Algumas páginas acabaram ficando muito longas e pesadas devido ao excesso de imagens e com isso, o blogger, plataforma na qual este blog está hospedado, começou a travar. Por esta razão, as páginas do Poké-Arquivo de alguns Pokémon (os mais "famosinhos", como os iniciais, os pseudo-lendários, as eeveelutions, entre outros) precisaram ser DIVIDIDAS em várias seções, a fim de evitar este congestionamento. Para acessar as imagens dos ataques nestas páginas, é só clicar no LINK da respectiva seção. Por exemplo, se você quer visualizar os ataques utilizados no anime, clique em "animes". Se você quer os ataques utilizados nos games, clique em "games", e assim por diante.